24 agosto, 2009

Arte Pré-Histórica - Neolítico



Neste período o homem passou por uma verdadeira mudança em seu modo de vida material e espiritual, saindo daquele seu estado de caçador e coletor de alimentos, dominando a natureza e passando a produzir, através da agricultura e da pecuária.
As hordas, que antes eram isoladas e viviam muitas vezes em constante transição, dão lugar a comunidades organizadas e unidas. A vida das pessoas passou a estar menos atribulada com relação a sobrevivência devido ao desenvolvimento da agricultura.
Com toda a evolução do período Paleolítico para o Neolítico, uma tremenda transformação no modo de vida das pessoas ocorre com a divisão da sociedade em classes, a divisão do trabalho e a diferenciação profissional, a produção primária e a manufatura, o comércio especializado e o artesanato e também o trabalho masculino e feminino.
Aquele pensamento voltado para a sobrevivência, agora passa a ser outro. Há o desenvolvimento da crenças de uma vida após a morte e em uma força maior que governa a vida das pessoas. Essas questões se tornam o foco principal dessa fase, o animismo substitui a magia.
O animismo divide o mundo entre realidade e supra-realidade, o mundo real e o mundo dos espíritos. O homem do Neolítico começou a sentir a necessidade de ídolos, estátuas e diversos outros símbolos de adoração.
A partir do momento que o homem cria consciência que sua sorte é regida pelo bom e mau tempo, da chuva e do sol, do raio e do granizo, das pragas e da fome e mais uma série de fatores, este acredita que haja uma força maior que controle tudo em sua vida. Espécies de demônios e espíritos passam a ser incorporadas às crenças. Assim, começa a criar raízes o que é desconhecido, o misterioso.
A arte desse período procura retratar a realidade como confrontação de dois mundos. As formas que antes no naturalismo do período Paleolítico eram fiés reproduções de animais, agora dão lugar a formas simples e estilizadas de representação.
O homem se preocupa em retratar a realidade como confrontação de dois mundos, deixando de lado qualquer semelhança com o naturalismo e racionalizando suas pinturas.



Neste período, estabelece-se uma distinção entre arte sacra e arte profana. A arte da representação religiosa e a arte da ornamentação secular; de um lado temos retratos de ídolos e arte sepulcral e de outro os da cerâmica secular, com formas decorativas.
Com a separação desses dois estilos artísticos, o trabalho acabou sendo dividido em dois grupos. A arte sepulcral e da escultura de ídolos, assim como a execução de danças rituais passaram para a mão dos homens, enquanto que a arte profana, ligada à decoração, ao fabrico de utensílios e reconhecida como ofício, ficou ao encargo das mulheres.
A forma como a arte do período Neolítico se deu está baseada em seu princípio dualista de encarar a vida, levando em consideração o outro lado da vida, não se detendo tanto na perfeição com que o homem do Paleolítico reproduzia os animais ou quaisquer que fossem as representações.
Essa nova arte supre aquela de experiências e fenômenos diretamente vivenciados pelo homem do Paleolítico e a substitui por uma arte abstrata, abreviada, com signos e símbolos, uma arte envolta por pensamento e interpretação. Derivando de ser a representação de um objeto material para tornar-se a de uma ideia.
Quando falamos da transição do período Paleolítico para o Neolítico, das formas naturalistas para o geometrismo, não podemos encarar isto como uma transição brusca, precisa, de duas fases bem distintas. Essa transição se deu ao longo de anos e foi pouco a pouco sendo realizada à medida que o homem evoluía.
Vale ressaltar que alguns estudiosos relatam que no final do período Paleolítico algumas pinturas já possuíam semelhanças com o estilo geométrico, inclusive encontraram-se neste período as três formas básicas de representação pictórica desenvolvida: a imitativa, a informativa e a decorativa.
É difícil estabelecer uma melhor relação sobre os mais diversos aspectos dessas sociedades do período pré-histórico sem cair em controvérsias ou estar faltando com a verdade.
O que se pode dizer com uma maior certeza é que o naturalismo está ligado a padrões de vida individualistas, anárquicos, a uma certa ausência de tradição, a falta de uma vida estável e a uma concepção extremamente voltada para a vida exterior.
Enquanto que no geometrismo vemos a tendência para a organização, com instituições estáveis e uma concepção de vida amplamente ligada à religião.

3 comentários: