24 agosto, 2009

Arte Mesopotâmica: 5.800 a.C.
















A antiga Mesopotâmia situava-se na região do Crescente Fértil, entre os rios Tigre e Eufrates.
A arte do Oriente Próximo - onde se localizava a região da Mesopotâmia - é o resultado da criação das culturas que se sucedem naqueles territórios, quando se desenvolve o sedentarismo, que ocorreu com a chamada Revolução Neolítica e trouxe consigo um processo de concentração de poder, gerando o surgimento dos primeiros Estados.
A partir daí, modifica-se a linguagem artística, que se submete aos interesses daqueles que possuem a capacidade de criar e consumir "obras de arte". Assim, as manifestações artísticas - refinados trabalhos de artesanato - convertem-se em objetos de luxo que podem ser consumidos apenas por uma minoria.
O primeiro sítio arqueológico encontrado na bacia mesopotâmica data de, aproximadamente, 5800 a. C., no período de Hasuna. É um povoado em que as casas erguem-se em torno de um pátio central. Em seu interior, as paredes são reforçadas com pilastras. A cerâmica parece inspirar-se na cestaria, pela ornamentação incisa, com formas geométricas contínuas.
Na segunda metade do sexto milênio, a cerâmica de Hasuna dá lugar à de Samarra (5600-5000 a.C.), outro importante sítio arqueológico. A indústria cerâmica adquire uma expansão extraordinária. Seus elegantes vasos são decorados com pintura ocre, vermelha e preta, alternando-se temas geométricos e figurativos.


















Cerâmica de Samarra, 4.900-5000 a.C, área situada atualmente no Iraque.

A cultura de Hasuna é substituída pela de Tell Halaf (5500-4500 a. C.). Suas cerâmicas alcançam uma difusão e uma qualidade até então desconhecidas. Quanto à arquitetura, predomina a casa com estrutura circular, com um corredor de acesso.
A cultura de El Obeid (5000 a. C.) dá início ao período proto-histórico. A arquitetura apresenta inovações neste período. Um fator importante é a inexistência de pedra na Baixa Mesopotâmia, que obriga ao uso de outro materiais de construção, como o adobe (tijolo de barro que não se coze no forno ou fogo, mas se seca ao sol).















Cerâmica cultura El Ubeid, encontrada em Eridu, Iraque, quinto a sexto milênio a. C., acervo do Metropolitan Museum, Nova York.

Em Eridu, encontra-se o santuário mais antigo, um templo constituído de um pequeno recinto quadrado, cujas paredes foram reforçadas por um contraforte interno. O santuário passa por sucessivas remodelações, decorrentes de certa preocupação com o aspecto externo: os contrafortes são transferidos para o exterior e busca-se determinada distribuição das superfícies, formando nichos, mediante a intersecção de contrafortes, agora frequentemente ornamentais. O recinto sagrado vai ganhando maior dimensão e fixando sua estrutura retangular definitiva.
O processo que resulta nos Estados hidráulicos historicamente documentados pode ser dividido em dois períodos: Uruk e Yemdet Nasr.
A cerâmica do tipo Uruk (Warka) tem decoração incisa e vai substituindo a de El Obeid, sem que se chegue a produzir uma ruptura. A continuidade é a tônica dessa época de grandes contribuições. Surgem inventos como o torno de ceramista, a vela, o arado e a roda.
Ao mesmo tempo, aprimora-se a metalurgia, as relações comerciais e outros avanços tecnológicos, como consequência do processo urbano. Esses Estados são administrados nos templos. E, nesse período, surge outra conquista: a escrita (cerca de 3300 a. C.).
Quanto à arquitetura, a habitação continua se articulando ao redor de um pátio central, enquanto os templos seguem a estrutura estabelecida em Eridu.
Nesta primeira fase, destaca-se o Templo de Calcário, em cuja cabeceira abre-se o Pátio das Paredes de Mosaico, servido por um pórtico com oito colunas, dispostas em duas fileiras. Todas as paredes externas eram cobertas por um mosaico colorido, formado de peças cônicas incrustadas nos tijolos de adobe, o que contribuía para embelezar o tosco material de acabamento do edifício. O recinto, dedicado à Deusa Mãe, recebe o nome de Eana.
Dentre as demais manifestações da criação artística, resta destacar o progresso da glíptica (arte de gravar em pedras preciosas).
É no período de Yemdet Nasr que a escultura alcança maior desenvoltura. O domínio da representação do corpo humano manifesta-se extraordinariamente na chamada Dama de Warka (Uruk).

A Dama de Warka, terceiro milênio a. C., Museu do Iraque, Bagdá



O relevo, tanto plano como de volume redondo, é outro fator notável na arte da época. A plástica dos vasos em exagerado alto-relevo está magistralmente representada neste período. Os vasos de calcário talhado, procedentes de Uruk, são seus melhores expoentes. Contudo, a tridimensionalidade em movimento ficou paralisada. Inércia e estatismo serão os traços característicos da escultura mesopotâmica da época histórica.

O TERCEIRO MILÊNIO

SUMÉRIA (2900-2334 a. C.)

A evolução da arte no quarto milênio foi determinada pela formação dos Estados. Já o terceiro milênio caracteriza-se pela progressiva concentração do poder, que culminará na formação dos primeiros impérios. O que mais intensamente se manifesta nas expressões artísticas da época é a consolidação da monarquia teocrática.
O adobe continua sendo o material de construção. Não obstante, é neste período que se molda um novo tipo de tijolo, denominado plano-convexo, o que descreve sua forma pouco funcional.
A consolidação do Estado burocrático poder ser vista ao se analisar os templos da época, pois a simples planta retangular vai-se tornando complexa, para permitir a implantação de espaços destinados aos administradores dos bens do santuário e todo o tipo de servidores.
A arquitetura funerária também é praticada em função da nova situação política. Descobriu-se, em Ur, o cemitério real reservado aos monarcas da primeira dinastia da cidade. Compõe-se de 16 túmulos, cobertos por falsas abóbodas, nas quais estava enterrado, além do personagem principal, seu séquito. O enxoval funerário é fabuloso e dele procedem as melhores peças de ourivesaria e de outras atividades artesanais daquele período.























Dessa época, é o estandarte de Ur (cerca de 2660-2440 a.C), feito de conchas, calcário vermelho, lápis-lazúli, betume, com altura de 21,6 cm e de largura 49, 5cm. Ele foi encontrado em Ur, região situada atualmente no sul do Iraque, em escavações feitas por Leonard Wolley. Atualmente, pertence ao acervo do British Museum.
No que se refere à glíptica, esta tende para um esquematismo geometrizante, em oposição ao barroquismo da glíptica anterior. Essa tendência à abstração é vista também na escultura em pedra e nas figuras de argila. No que diz respeito ao relevo, destacam-se as placas perfuradas, de temática variada, em que o naturalismo começa a dominar a linguagem artística. Este tipo de suporte serve de base para representar os dirigentes das diferentes cidades, e, ao mesmo tempo, divulgar suas façanhas mais gloriosas.
Neste período, também, tem êxito a antropomorfização dos deuses. O antropomorfismo reduz a distância entre os deuses e suas representações na terra, sem que isso acarrete maior facilidade de acesso para o restante dos homens.

ACÁDIA (2334-2193 a. C.)

A cultura sumeriana foi suplantada pela acadiana, que se caracteriza pela unificação de todo o território mesopotâmico sob a liderança de um monarca, o primeiro imperador da história.
Quase nada sabemos da arquitetura desse período, em virtude do desaparecimento de suas cidades principais. Pouco se sabe também da escultura, mas destaca-se a importância dada à figura do rei. Assim, Sargão - fundador da cidade de Agadé - aparece representado em tamanho muito superior ao dos demais personagens figurados em sua estela, conservado no Museu do Louvre, em Paris.
É na Estela de Naramsin (2254-2218 a.C.), abaixo, que o relevo acadiano atinge seu máximo esplendor. À margem da qualidade técnica da obra, sobressai a faculdade de composição, adaptada à forma pontiaguda do suporte, que realça o tema central.






Quanto à escultura de volume redondo, pode-se dizer que a tendência ao naturalismo triunfou plenamente. A obra-mestra desse gênero é a cabeça de bronze de um rei acadiano, presumivelmente Naramsin, com técnica de fundição em molde. Também a glíptica assume tendência ao naturalismo, apesar da temática provir de um mundo onírico, determinado pela angústia, o conflito e a luta.


OS NEO-SUMÉRIOS

A história política faz-se sentir no campo da arquitetura. Constroem-se os primeiros zigurates, as famosas torres escalonadas, em cujo topo é erigido o santuário do deus maior. À margem dos zigurates, constroem-se templos de planta tradicional.

Zigurate de Ur, detalhe da escadaria, atualmente a área pertence ao Iraque


(Fabiane, Graciela e Victória)

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