24 agosto, 2009

Arte cretense - Thera (Santorini)




As escavações de Akrotiri, na ilha de Thera, começaram somente em 1967, embora a existência do sítio arqueológico fosse conhecida há uma centena de anos. Os afrescos acima pertencem, provavelmente, a um santuário, conforme indicam as oferendas recuperadas.
O principal motivo da pintura, realizada em várias paredes, é uma série de antílopes. É considerada uma das mais memoráveis invenções de Thera pela capacidade estrutural da pintura, confiada à força dos traços, que restituem o caráter agressivo dos animais em explícita competicação entre si.
O desenho é fluído e ágil, eficazmente sintético e potentemente expressivo. O fundo branco exalta as manchas das linhas e a parte superior, uniformemente vermelha, acrescenta um sentido de obscura ameaça aos impulsos dos chifres. Os pugilistas demonstram uma idade em torno de 7-8 anos e estão pintados com uma certa correção anatômica, rara na arte da época. Estão vestidos somente com um cinto ao qual está pendurada uma tanga e usam longos cabelos negros presos em elegantes tranças. O pugilista da esquerda usa diversas jóias e tem o rosto pálido; as lacunas do outro, pela deterioração do afresco, impedem que se faça uma interpretação correta dele. Ambos usam luvas de pugilismo na mão direita. A cena é, provavelmente, a representação de um combate ritual, talvez uma retomada simbólica do antagonismo natural expresso pelos combates dos antílopes.
Fragmentos do afresco do sítio arqueológico da ilha de Thera pertencem ao Museu Arqueológico Nacional de Atenas. A hipótese dos arqueólogos que iniciaram a escavação na ilha é de que a destruição da civilização minóica tenha sido provocada pela erupção do vulcão de Thera.
Os estudos realizados indicam que, ao longo do III milênio a. C., durante a Antiga Idade do Bronze, em Akrotiri, na ilha de Thera, foi feito um importante assentamento, que cresceu até se tornar um dos maiores portos do Egeu no período do Bronze Médio e fim do período do Bronze ´- séculos XX-XVII a.C.). A florescente situação econômica permitiu o desenvolvimento de uma refina civilização urbana, que se manifestou em suntuosas pinturas parietais, por decorações de grande valor e pela presença de valiosos objetos importados de Creta, das ilhas do Egeu, da Grécia, do Oriente Médio e do Egito.
Por volta do final do século XV, os habitantes foram obrigados a abandonar a ilha, abalada por terremotos violentos, aos quais seguiu uma errupção vulcânica que cobriu os edifícios com uma espessa camada de cinzas e pedra-pomes, que garantiu, como em Pompéia, uma excepcional conservação do local.
Os afrescos, descobertos em grande número, decoravam os cômodos principais das habitações particulares e as dos numerosos edifícios públicos. As cenas pintadas articulavam-se sem interrupção, sem considerar os elementos arquitetônicos, como portas, vãos, cantos, quinas e janelas, ilustrando motivos diferentes, porém, quase sempre ambientes naturais.
Esse afresco ocupava três paredes e representava uma magnífica florescência de lírios no alto de uma falésia rochosa, composta de penedos de cores vivas. O céu, no qual estão alguns pássaros, talvez andorinhas, é completamente branco, exceto a última faixa mais alta que é azul. As semelhanças com as convenções da pintura minóica, especialmente na representação antinaturalista e exuberante das rochas - que não representam, portanto, a paisagem de Thera na época - são particularmente evidentes. A escolha de pintar os lírios eretos, ao invés de curvos como acontece na realidade, poderia indicar a vontade de representar o advento da primavera.

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