24 agosto, 2009

Arte Gótica: Pintura
























Cimabue, A Virgem em Majestade











Cimabue, Crucifixo, têmpera sobre madeira, 336 x 267 cm, anos 1260, Arezzo, igreja de San Domenico


Na pintura, o estilo Gótico surgiu cerca de um século depois da primeira catedral desse mesmo estilo em Chartres (XII). Em contraste com o estilo Bizantino e Românico, o estilo Gótico apresenta uma característica cada vez mais realista. Mesmo assim é extremamente difícil definir a transição do Românico para o Gótico e, posteriormente, do Gótico para o Renascimento.
A mentalidade medieval do fascínio pela paixão de Cristo é o principal tema do gótico pictórico, que tem como centro temporal de 1250 a 1450, vindo a desenvolver-se inicialmente na Itália. Enquanto a França e península Ibérica privilegiavam a miniatura e a ilustração de livros, na Itália já se preocupavam com o espaço e a tridimensionalidade da obra.
A pintura da era das catedrais góticas é subdividida em períodos: o primeiro era caracterizado como linear; seguido pelo estilo bizantino da escola de Siena; pelo de influências italianas; depois o internacional; e, por último, de predomínio do borgonhes e do flamengo.
Na escola de Siena, a pintura era mais conservadora e fiel as formas Bizantinas e apresentava grande devoção à figura da Virgem Maria. Posteriormente, surgiu a escola de Florença, que não se importava muito com o misticismo e se preocupava mais com o realismo das obras, Giovanni Cimabue e Giotto di Bondone foram os principais representantes dessa época.
Giotto trouxe um realismo muito forte para a pintura da época, mas, após sua morte, a escola florentina se mostrou incapaz de prosseguir os avanços pictóricos desse artista, logo então houve um retorno do estilo Siena, e as escolas e pintura européias apresentavam estilos quase idênticos. Em razão desta similaridade, os historiadores denominam esta fase como Gótico internacional. As pinturas deste período são caracterizadas pela influência das cores vivas nas iluminuras góticas.
As cortes européias preferiam a contemplação de uma realidade exótica, contrastante e detalhista. Tal ânsia pela ornamentação foi visível na pintura flamenga, própria dos Países Baixos, durante o século XV. Muitas das obras flamengas já apresentavam linhas que se aproximavam às leis de perspectiva do Renascimento.
Jan Van Eyck aperfeiçoou a técnica da pintura a óleo e trouxe um realismo nunca visto antes. A burguesia era a principal impulsionadora da escola flamenga. Surge, então, o retratismo. A pintura passa a ter influência das intenções pessoais do cliente, trazendo uma individualidade aos quadros, o que se contrapõe ao estilo anterior, o estilo internacional. Começam a surgir os artistas chamados pré- renascentistas. Há um interesse pelo estudo da anatomia humana e pelo volume.
Os artistas do "quattrocento" costumam ser divididos em dois grupos: inovadores e conservadores. Os primeiros estavam interessados na perspectiva, na anatomia humana e animal, enquanto que o segundo grupo preocupava-se mais com a composição do quadro.

(Fernanda de Christo, Iuri Minfroy e Tiago Silva)

6 comentários:

  1. A arte gótica, foi um período com quase quatro séculos de duração, e ela não constituiu um fenômeno unívoco, mas se expressou em várias manifestações. A arquitetura teve um grande destaque neste período, segundo pesquisas, é a evolução da arquitetura românica.
    A arquitetura gótica, ficou conhecida por ser encontrada com mais frequência nas grandes catedrais e em outros estabelecimentos eclesiásticos, exercendo grande influência na Europa.
    Durante o período gótico, o poder religioso buscava converter sua “importância” para as estruturas da igreja. A arquitetura expressava a grandiosidade dimensional, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.
    Como a arquitetura gótica foi uma evolução da arquitetura românica, foram desenvolvidos alguns elementos que ajudaram nas construções góticas, como o arco de ogiva e a abóbada de cruzaria, que tornaram-se as principais características do estilo arquitetônico. Geralmente, a fachada das estruturas góticas seguiam a verticalidade e a leveza e no interior buscaram a transformação das paredes em vitrais coloridíssimos, que filtram a luminosidade para o interior da igreja. As catedrais góticas mais conhecidas são; a Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.

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  2. O período gótico vai de meados do século XII até as primeiras décadas de XVII,quando o gosto renascentista se impôs em toda a Europa. Graças ao apoio da burguesia e da classe trabalhadora, os reis conseguem retomar sua autoridade. Enfraquecido, o poder feudal vai aos poucos desaparecendo. Pressentindo a queda do feudalismo, a arte antecipa-se aos acontecimentos. E cria novo estilo, que irá conviver durante certo tempo com o Românico, mas atenderá às novas necessidades.
    Verdadeiro trabalho de “futuristas” da época, o estilo Gótico surgiu pela primeira vez.
    A arte gótica não constitui um fenômeno unívoco, mas se expressa em várias manifestações, considerando a arte produzida ao longo de uma época absolutamente não homogênea.
    O gótico implicava uma renovação das formas e técnicas de toda a arte com o único objetivo de expressar a harmonia divina.
    A pintura Gótica funcionava como recurso didático para que uma população analfabeta tivesse acesso às mensagens do cristianismo; a exposição de ícones servia para intensificar a contemplação e a prece.
    A catedral expressão arquitetônica mais típica do gótico nasceu no centro das cidades. Para sua edificação contribuíram burgueses e artesãos, estes com a arte e a técnica. Tratava-se, portanto, do resultado de um esforço coletivo numa sociedade em mudança, de tal modo que, à medida que a riqueza da cidade crescia, aperfeiçoava-se a técnica construtiva e a decoração da catedral, que se convertia em símbolo de prestígio de seu próprio núcleo urbano.
    A principal característica da arquitetura gótica é a verticalidade, que simboliza o desejo de espiritualidade, evidenciado nas torres vazadas e leves.
    As características da arte gótica são:
    - Na arquitetura: Vários portais nas construções, ao invés de apenas um como na arte romântica; o uso da abóbada de nervuras; o uso do arco ogival e os pilares de apoio, que faziam com que as paredes pudessem ser mais finas; e o surgimento dos vitrais coloridos, filtrando a luz externa.
    - Na pintura: a procura do realismo na representação dos seres que compunham a obra; a impressão de movimento de figuras como anjos e santos; a identificação da figura dos santos com os seres humanos de aparência comum.
    - Na escultura: o registro de aspectos da vida humana que as pessoas mais valorizavam na época; a tendência naturalista; o baixo-relevo; e a concepção da figura isolada, sem o suporte de colunas.

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  3. A palavra gótico surgiu com os humanistas do século XIV. Eles, que detestavam a arquitetura medieval, batizaram de góticas as igrejas contruídas no final da Idade Média.
    A palavra Gótico está ligada à palavra godo, que designa um grupo de bábaros, Assim, Originalmente, gótico significaria algo grotesco, sem requinte, grosseiro.
    O gótico é o grande estilo do final da Idade Média. Entretanto de forma bastante diferenciada do Românico, o Gótico levou luzes, requinte e um certo prazer às igrejas e catedrais de seu tempo.
    A igreja Gótica vai se basear numa estruturação entre contrafortes e arcobotantes, que jogam o peso do teto para fora da construção. Isso permite que as paredes sejam finas. Assim, se chegamos a ter, no Românico , paredes com mais de dois metros de espessura, feitas dessa forma justamente para suportar o grande peso das abóbodas, vamos ter, agora, paredes de poucos centímetros, que permitirão a inserção de vitrais. A luz que vai entrar nessas igrejas tornará o ambiente agradável, iluminado e extremamente prazeroso, como queriam Alselmo e Bernardo de Claralval.
    Bernardo e Anselmo resgatam o sensível, o que as pessoas podem e devem sentir em contato com Cristo. Eles percebem que a igreja estava equivocada am atrelar á imagem de Deus simplesmente a imagem daquele que vai julgar. Deus , Cristo e Maria, para os dois Monges, são seres amavéis, em quem devemos confiar e depositar todas as nossas esperanças e alegrias. Cristo é alegria, é bondade, é sentimento bom. E se ele é assim, a sua morada na terra, as igrejas, de uma maneira em geral, também devem representar isso. Elas não podem ser escuras e pesadas, porque Deus não é assim. Pelo contrário, elas devem ser iluminadas, elas devem nos enlevar, elas devem comover. é exatamente esse o modelo que o estilo Go´tico vai adotar.
    O verdadeiro fundador da arquitetura gótico foi o abade Suger, que nasceu em 1081 em Saint-Denis, nas cercanias de Paris. Aos 41 anos, Suger foi eleito Abade de Saint-Denis. Naquela época a abadia administrava três cidades, 74 vilarejos, 29 casas, cem paróquiase diversas capelas. Suger queria transformar sua igreja numa igreja da peregrinação, como as igrejas caracteristicas do Românico. Ele tinha, ali, pelo menos quatro relíquias: os restos mortais de São Dionísio e os corpos de Pepino, o Breve( pai de Carlos Magno), Carlos Martel e Carlos, o Calvo.
    Chamou um arquiteto e sugeriu a elel um modelo um pouco diferenciado de igreja, mediante a utilização de ogivas, vitrais e rosáseas. Nasceu, assim, o protótipo da igreja gótiga. Isso se deu entre 1137 e 1144.
    A altura também é algo extremamente importante nesses templos: acreditava-se que, quando mais alto, mais próximo de Deus o homem poderia chegar. A altura de algumas torres o demonstra: Reims, 82 metros; Chartres, 123; Strassbourg, 143; Ulm, 160. Só de vão livre, a Catedral de Beavais tinha 52 metros em sua nave central.

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  4. A arte gótica traz em si um estilo completamente não clássico destinado a substituir a tradição greco-latina. Na realidade, somente com o nascer do espírito gótico é que o reino dos cânones clássicos atinge o seu fim. De fato, essa arte era mesmo mais altamente espiritualizada do qualquer outra arte subsequente e a sua relação íntima com a experiência e subjetivismo de sentimento foram desconhecidos do artista mais sutil do mundo antigo. O antagonismo invade todas as formas da cultura gótica que ao mesmo tempo que visava igualmente sacudir e inspirar, cativar e dominar os sentidos, um novo elemento consta de uma intimidade de expressão, onde quer que o artista faça qualquer obra de arte gótica ou pós-gótica. Enfim, com o gótico começa o lirismo da arte moderna e começa também o seu culto a virtuosidade.

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  5. Uma característica muito interessante presente nesta primeira fase da escultura gótica é a ausência de emoções nos rostos das estátuas, que apresentam uma expressão absolutamente fria. Nelas, há uma total ausência de sentimentos e também de movimento. Na segunda fase as figuras vão adquirindo naturalidade e dinamismo, as formas se tornam arredondadas, a expressão do rosto se acentua,
    as esculturas desse período atingem grande perfeição e equilíbrio, os corpos passam a ter uma representação real, As figuras fazem gestos, não são mais estáticas. As suas vestes se movimentam, revelam emoções, mas sempre emoções equilibradas, sem excessos. Já na terceira fase, conhecida como gótico flamejante ou gótico da decadência, que vigorou nos séculos XIV e XV , o equilíbrio da fase anterior, passa-se a um excesso que corrompe muito da beleza das obras, de modelos idealizados para um realismo brutal, se a pessoa a ser representada tinha rugas, na estátua tinham que figurar as suas rugas, Se seu queixo era exageradamente pontudo, o escultor primava em fazê-lo tal qual era, apareceram assim retratos brutais ou ridículos.
    O nascimento da arte gótica é proveniente das mudanças sociais e do movimento do pensamento teológico, as relações sociais, que não estão mais presas ao sistema feudal, têm nesse período, a presença da burguesia em sua estrutura social e que junto do rei também é uma grande financiadora da construção das catedrais. Em Chartres, cada corporação quer ter o seu vitral, a burguesia investe imensos capitais para a construção da catedral. É a participação do leigos na vida religiosa, não apenas como fiel passivo em busca da salvação. Agora a sua busca pela salvação também é expressa pela produção, vinculação e patrocínio de manifestações artísticas.

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  6. Um marco extremamente significativo na história da arte gótica ocorreu na área econômica, com o deslocamento do centro de vida social do campo, para a cidade e a transferência do comércio para os grandes centros urbanos.

    Isso teve origem no Século XII, entre os anos de 1150 e 1500 e teve como conseqüência a formação da burguesia urbana.

    Ainda no século X, a Europa encontrava-se em crise, com o poder real enfraquecido, sendo substituído pelo feudalismo.

    Uma época marcada por ameaças de invasões na França e crenças no apocalipse, que ocorreriam no ano de 1000, difundidas pela igreja.

    O feudalismo ainda reinava no início do século XII, no entanto com as transformações ocorridas neste período, a burguesia passa a exercer maior poder perante as decisões políticas e com a ajuda das classes mais favorecidas, a realeza acaba conseguindo retomar o poder.

    Essas transformações marcam o início da crise do sistema feudal. No entanto, a enraizada cultura religiosa e o movimento cruzadista preservavam o papel da Igreja na sociedade.

    Fazendo assim com que o período gótico fosse ressaltado, sobretudo por sua arquitetura e escultura renovadora, estabelecendo um papel crucial na orientação religiosa do período.

    Não obstante, com o grande fervor cultural característico do período gótico, houve a difusão de livros religiosos ilustrados, que eram um privilégio quase que exclusivo dos mosteiros.

    Eis então o surgimento da Iluminura, ilustrações sobre pergaminhos de livros manuscritos, extremamente coloridas, que visavam tornar mais compreensíveis as passagens dos textos.

    O interesse por esta manifestação artística estava relacionado à crescente valorização da escrita e da leitura. Mais tarde, os pergaminhos passaram a ser encomendados inclusive por particulares, aristocratas e burgueses.

    Precisamente por esta razão, os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos em formatos manejáveis.

    Vale ressaltar que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que seus trabalhos acabaram influenciando diversos outros pintores.

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