Narciso, Caravaggio
O nome Narciso deriva da palavra grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido e indiferente às solicitações daqueles que se apaixonavam pela sua beleza.
Narciso era um rapaz muito bonito e indiferente ao amor. Quando nasceu, seus pais, Céfiso e Liríope, perguntaram ao adivinho Tirésias qual seria o seu destino. A resposta foi que ele teria uma vida longa se não visse o próprio rosto. Muitas moças se apaixonaram por Narciso, mas ele não se interessou por nenhuma. A ninfa Eco, inconformada com a indiferença, afastou-se para um lugar deserto, onde definhou até que restassem somente seus gemidos. As moças desprezadas pediram vingança aos deuses. Com pena delas, o deus Nêmesis induziu Narciso a se debruçar sobre uma fonte de água depois de um dia de caça. Ao ver o próprio rosto, ele se apaixonou por sua imagem. Incapaz de afastar-se, perdido na contemplação de se mesmo, o jovem deixou de se alimentar, de dormir ou de sarciar a sede. Permaneceu nessa posição à beira da fonte, até se consumir por essa paixão impossível. No local de sua morte, nasceu uma flor amarela de beleza singular, cujo centro é rodeado de pétalas brancas, parecendo folhas. O mito de Narciso tem sido objeto de vários estudos de renomados psiquiatras e escritores:
Freud afimava que algum nível de narcisismo constitui uma parte de todos nós desde o nascimento.
Andrew Morrison afirma que, em adultos, um nível razoável de narcisismo saudável permite que um indivíduo equilibre a percepção de suas necessidades em relação às de outrem. Na psicologia e na psiquiatria, o narcisismo exagerado é o que dificulta o ser humano a ter uma vida satisfatória, é reconhecido como um estado patológico e recebe o nome de transtorno de personalidade narcisista. Indivíduos com o transtorno se julgam grandiosos e possuem necessidade de admiração e aprovação de outras pessoas em excesso. O mito de Narciso tem sido uma grande fonte de inspiração para os artistas, começando com o poeta romano Ovídio (livro III das Metamorfoses). Isto foi seguido em séculos mais recentes por outros poetas como John Keats, além de pintores (Caravaggio, Nicolas Poussin, Turner, Salvador Dalí, e Waterhouse). Na música, o mito propiciou inspiração a grandes compositores como Francesco de Caralli (1602-1676), Domenico Scarlatti (1660-1725) e Cristoph Gluck (1714-1787), entre outros. No mito de Narciso e Eco, que inspirou tantos artistas ao longo dos séculos, inclui-se uma terceira personagem: Pã, o deus agreste. Amante de eco, ele teria engravidado a jovem. Contudo, a aventura amorosa não durou muito tempo, pois ninfa Eco se apaixonou por Narciso. Para vingar a infidelidade da amante, Pã tirou-lhe a capacidade de falar, limitando-a a repetir o que os outros dissessem. Entre as dinvidades gregas, Pã é a que mais permaneceu em seu estado animal primitivo; venerado como força fecundadente da natureza, é descrito como um ser meio humano, meio animal, barbudo, coberto de pêlos negros, com uma expressão bestial no rosto, chifres na cabeça e patas de bode.
Narciso after Caravaggio, do artista brasileiro Vik Muniz
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